Este livro Diálogos Contemporâneos sobre homens negros e masculinidades provavelmente seja um dos mais instigantes do “gênero negro masculino”. A dupla organizadora tem quilometragem de estrada sobre relações raciais e gênero masculino. Henrique Restier e Rolf de Souza conseguiram montar um time de primeira, o plantel foi habilidoso para fazer um dos debates mais difíceis da sociedade brasileira: o lugar do homem negro. Os autores versam sobre duelos de masculinidades num contexto histórico em que os homens negros não foram convidados para compor o ideal de nação brasileira da elite branca. Numa cultura em que a proposta foi hiper-sexualizar heternormativamente os homens negros, fazendo circular o perigosíssimo estereótipo da virilidade concentrada no órgão sexual, um pênis sem “falo”. — Renato Noguera Professor de Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Finalmente, nos chega uma publicação que tematize prioritariamente as masculinidades negras, ou seja, a condição vivida
dos homens negros brasileiros. Homens que carregam consigo um rol de experiências, as mais diversas possíveis. Apesar
de sermos muitos e, portanto, diversos, somos vistos e sistematicamente retratados de maneira homogênea pelos meios
de comunicação. Homem negro tem sido sinônimo de homem violento, de ladrão, de marginal, de traficante. Somos vistos
como perigosos, feios, que aguentam trabalhos pesados, que abandonam os filhos. Por outro lado, os homens brancos são construídos de maneira contrária à imagem dos homens negros. Homens brancos são vistos como empreendedores, belos, responsáveis, corajosos, fraternos, simpáticos. Este livro, caro(a) leitor(a), certamente possibilitará outra percepção sobre quais os principais desafios postos à condição de ser homem negro na sociedade brasileira. — Márcio André, Doutor em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ. Atualmente é professor da UNILAB – campus dos Malês, na Bahia. Tem se dedicado a pesquisa sobre Movimentos Negros, Ação Coletiva, Etnicidade, dentre outros temas.
SUMÁRIO
Prefácio, Deivison Mendes Faustino
Apresentação DA SEGUNDA EDIÇÃO, Henrique Restier e Rolf Malungo de Souza
Apresentação DA PRIMEIRA EDIÇÃO, Henrique Restier e Rolf Malungo de Souza
Capítulo 1: O duelo viril: confrontos entre masculinidades no Brasil mestiço, Henrique Restier
Capítulo 2: Masculinidades das encruzilhadas: closes de Jorge Laffond, André Luiz de Souza Filgueira
Capítulo 3: Do macro ao micro: experimento autoetnográfico para pensar masculinidade(s) negra(s) e violência, Vinícius Rodrigues (Viny Rodrigues)
Capítulo 4: Reflexionaes ante la masculindad hegemónica: ¿Dónde hemos estado y hacia dónde queremos ir?, Javier Antonio Laboy Mercado
Capítulo 5: Hipersexualização, autoestima e relacionamento interracial, Caio César
Capítulo 6: Além de preto é gay: as diásporas da bixa preta, Lucas Veiga
Capítulo 7: Pensando as transmasculinidades negras, Bruno Santana
Capítulo 8: O Corpo do Homem Negro e a Guerra dos Sexos no Brasil, Osmundo Pinho
Capítulo 9: Per-vertido Homem Negro: reflexões sobre masculinidades negras a partir de categorias de sujeição, Túlio Augusto Custódio
Capítulo 10: Homem negro, corporeidades e saúde: perspectivas históricas e sociológicas, Tiago A. S. Soares e Douglas J. G. Araújo
Capítulo 11: Miltons: múltiplas trocas em tom de conversa, Airan Albino
Sobre os autores