Aos outros cinco livros, de poema e de ficção, de Annibal Augusto gama, já publicados por esta editora, junta-se agora o presente livro de ensaios. Os Diamantes de Ophir constituem-se em escritos sobre autores, livros e leitura. Procura-se neles despertar, na paisagem desoladora de silencio e vazio das bibliotecas, o gosto pelos livros e pela leitura. E, assim, vão iniciando uma discussão amena sobre muitos temas, desde os títulos dos livros aos seus prefácios, desde a leitura dos filósofos e dos poetas. O prazer proporcionado pela leitura é o cunho da moeda de seu autor como bom escritor. As exigências da informação exata e do conhecimento da matéria acrescem o discurso claro, sem os engodos da falsa erudição que, ao invés de pasmar o leitor, aborrecem-no e amarfanham a pagina escrita. Configura-se, afinal, aquilo que se denomina estilo, numa casa construída por letras, da qual se retiraram os andaimes. As palavras estão ai, não para nos enganar, mas para nome ás coisas. Os ensaios são um gênero que admite a controvérsia, mas repudia a perfídia e a deslealdade. Eis, porque, seu criador, e mais singular autor, Montaigne, escreveu, no pórtico dos seus Essais: Eis aqui, leitor, um livro de boa-fé, concluído, assim, leitor, sou eu mesmo a matéria deste livro. Lendo os livros, o leitor lê-se a si mesmo. E também descobrem os outros. Por isso, os livros e os autores somos nós mesmos. Repetimos neles a vida, que, embora comum a todos, particulariza-se em cada um de nós. E não há vidas desprezíveis. Por mais apagado e anônimo que seja o homem, é ele indispensável no conjunto harmônico da natureza. A vaidade e a soberba é que são a toleima de quem não soube ver, nem compreender.