Levando em conta que a história do Brasil consegue ser pioneira e ainda mais racista em relação à proibição da maconha, o autor fez uma pesquisa minuciosa para desenhar esta HQ. A partir de uma notícia de jornal, que contava sobre um jovem preso apenas por estar usando um boné estampado com a folha da cannabis, Daniel inicia a narrativa descontínua, partindo de uma dura da polícia em uma favela, que poderia estar em qualquer grande cidade do Brasil, costurada por letras de músicas, onde flashbacks conduzem o leitor por diversos fatos históricos desde os primeiros registros do uso da maconha na China antiga, passando pelas grandes navegações, a colonização das Américas, a escravidão, até chegar ao proibicionismo do século XX, à Guerra às Drogas e à discussão da legalização das drogas nos dias de hoje. O quadrinho traz também vários casos ocorridos em decorrência da proibição, como as prisões de artistas como Gilberto Gil, Rita Lee e a banda Planet Hemp. Também conta o surreal Verão daLata, em 1987, quando um navio derramou vinte e duas toneladas de latas de maconha no litoral brasileiro. E o Verão do Apito, em 1996, quando os banhistas do Posto 9, em Ipanema, usaram apitos para avisar aos fumantes que a polícia estava se aproximando. O documentário em quadrinhos, Diamba, é um manifesto anti-racista, pela legalização da maconha no Brasil e pelo respeito às liberdades individuais. Expõe nossas feridas históricas e coloca o antiproibicionismo em debate. Nos leva a refletir oporquê da proibição de uma planta que tem a sua história entrelaçada com a história da humanidade, com benefícios medicinais comprovados pela ciência, com novas características curativas sendo descobertas a cada mês. O uso industrial do cânhamo comoa possibilidade de substituir o plástico. E, por fim, uma planta cujo uso recreativo é inofensivo, agregador e criativo.