DIARIO DE TRABALHO - VOL. 2 - 1941-1947

O segundo volume do Diário de trabalho de Bertolt Brecht cobre o período em que o dramaturgo se auto-exilou nos Estados Unidos, entre 1941 e 1947. Ler as anotações de um dos dramaturgos mais influentes do século 20 é um privilégio. Aqui é possível acompanhar, por exemplo, os bastidores da criação das peças O círculo de giz caucasiano e As visões de Simone Machard, além do processo de tradução e adaptação de A vida de Galileu para os palcos americanos.

São especialmente curiosas as anotações de Brecht sobre seu convívio com outros grandes talentos de sua época, como o roteirista Herman J. Mankiewicz; os cineastas Fritz Lang, Jean Renoir, Charles Chaplin e Orson Welles; os filósofos Max Horkheimer e Theodor Adorno; os atores Charles Laughton e Groucho Marx; o escritor Thomas Mann e tantos outros. Brecht comenta as teorias de seus amigos e conterrâneos da Escola de Frankfurt; registra o momento em que foi apresentado a seu futuro parceiro de trabalho, Kurt Weil; lamenta o suicídio de Walter Benjamin; discute as obras de Johann Wolfgang von Goethe, Rainer Maria Rilke, André Gide e Aldous Huxley; defende as teorias de Karl Marx e até analisa o suposto caráter aristotélico dos romances de Arthur Conan Doyle, em contraposição aos de Georges Simenon.

Os anos de exílio na América foram uma fase especialmente complicada para Brecht. Ele havia deixado sua Alemanha natal nos anos 30, por discordar abertamente do regime nazista e se sentir ameaçado por isso. Nos Estados Unidos, entretanto, embora Brecht estivesse a salvo de Hitler, ele era visto como um enemy alien, um estrangeiro inimigo, por ser alemão. Para piorar sua situação, Brecht era simpático às idéias marxistas, o que lhe causou ainda mais problemas que sua origem alemã, por conta do ódio americano aos comunistas. Em seu diário, o autor demonstra temor pelo seu futuro ao relatar, por exemplo, a evacuação de 100 mil japoneses (inclusive cidadãos americanos) por serem de um país inimigo. O diário é repleto de recor