O que diz um dicionário sobre as coisas do mundo, sobre tudo e sobre o indescritível? A resposta a esse tipo de questão pode muito bem estar em um livro de poemas, que não tem, a rigor, o compromisso de definir ou descrever com precisão. E quem disse que os dicionários alcançam esse intento, afinal? Dicionário de Imprecisões é o oitavo livro solo de poesia de Ana Elisa Ribeiro, autora também de Álbum (Relicário, 2018, Prêmio Manaus), Xadrez (Scriptum, 2015) e Anzol de pescar infernos (Patuá, 2013, semifinalista Portugal Telecom). Provocada por situações reais de consulta a dicionários, a autora compôs um imprevisível e impreciso volume, com palavras aleatórias, das mais substantivas às mais abstratas, como saudade ou pelo, por onde passeia sem cerimônia, hibridizando gêneros discursivos, confundindo e ironizando significados possíveis e as classes de palavras, sem deixar de tocar em temas micropolíticos e sociais. Este Dicionário, que certamente confundiria também livreiros mais distraídos, é editado pela Impressões de Minas, dentro do selo Leme, com o apuro gráfico-visual que somente um livro semiartesanal poderia apresentar. A segunda edição do livro, com tiragem numerada, ganhou novos papéis na capa e no miolo, e a cor azul foi substituída pelo roxo. Além disso, dois novos poemas entraram na lista dos verbetes. O design gráfico é de Elza Silveira e as ilustrações, em nankin, são de Wallison Gontijo. Sem paratextos convencionais, este Dicionário se apoia na solitude dos livros para serem consultados, sem serem totalmente lidos, se for o caso.