No meio do caminho não tinha uma pedra: tinha um homem e sua prepotência. O homem pisou na lua, mas alguns não chegam até a esquina. No pós-guerra toca funk e os meninos assistem o show de cima da jazida. Não é preciso dizer a cor deles. Séculos antes, quando as matas sussurravam, as pequenas viravam sereias – e não era conversa pra boi dormir. Mas mataram a unidade, e agora o xamã sereno envelhece ao som das serras elétricas. Não captou? Jennifer nos trouxe a chave exata para desatar esses e alguns outros deliciosos nós a vir. Porém, sorrateiramente, a escondeu entre espaços, sons, pontos e letras (eis, pois, o princípio da literatura). Como poucos, ela sabe a justa medida entre a referência e a concepção; doma o famoso antagonismo ficção x realidade de maneira tal que, em sua poesia, esses elementos já não são contrários e sim cúmplices. Versos denunciam uma república violenta, bradam o couro de quem foi calado. A palavra-cicatriz da menina mulher da pele preta estampa a consciência no papel. Este livro diz a todas as mulheres: escute. Lá vem a fênix. E nada é mais essencial à mulher do que renascer no seu próprio ventre. Só então é possível ser, desejar e escrever em henna instruções claras: dedos no lado de dentro, dose as mãos e suba ardentemente. A poeta paraibana voa e manda um recado: diga aos brancos que não vou.