Conhecido por seus contemporâneos como um arguto historiador do espírito , Dilthey é visto, quase até o fim dos anos 50 e início dos anos 60, como um filósofo desconhecido . Em seu tempo, o real propósito sistemático-filosófico de sua crítica da razão histórica permaneceu inteiramente encoberto. A tentativa, por parte de seus discípulos, de corrigir postumamente a visão deformada da crítica da época, delineia a própria história da projeção do pensamento do mestre. Os anos 60 marcam um renascimento do interesse pelo conhecimento da obra diltheyana, interesse que, aliás, não apenas perdura até nossos dias, mas, sem dúvida, está em crescimento. Dilthey: Um Conceito de Vida e uma Pedagogia procura mostrar que, por trás do argumento historiador do espírito , cumpre entrever a energia unificadora do filósofo do espírito, sempre em busca do apoio do conhecimento objetivo para sua apreensão intuitiva da verdade da vida e do mundo. Para tanto, Maria Nazaré percorre o caminho diltheyano da descrição da vida e, ao final desta trajetória, evidencia que o tratamento fenomenológico dispensado por Dilthey à metafísica encerra na verdade uma crítica metafísica à metafísica. A autora, ao buscar compreender em profundidade a filosofia de Dilthey, ressalta o seu caráter essencialmente instrumental, caráter este delineado pelas suas marcantes implicações no campo da pedagogia ou da teoria de formação do homem . À medida que o livro desvela o vínculo do quadro teórico do pensamento do filósofo com as possibilidades concretas e reais do agir humano no mundo, sobressai-se a tarefa histórica da educação e a filosofia ganha uma nova dimensão. Trata-se, assim, de um livro indispensável não apenas para os estudiosos de filosofia e de filosofia da educação, assim como também para todos os que se preocupam com o homem e seu destino histórico.