A publicação, em primeira pessoa, é resultado de diversos encontros entre Pacheco e o autor, Alfredo Sternheim, e tem belas fotos pessoais, de concertos que regeu e de peças teatrais que musicou. São muitas passagens curiosas e histórias deliciosas que o maestro conta ao longo do livro, como a cena inesquecível em Presidente Prudente, num estádio com mais de dez mil pessoas que pela primeira vez assistiam a uma apresentação de orquestra sinfônica. Quando entrou em cena, ouviu gargalhadas, achou até que a calça estivesse rasgada. Os risos prosseguiam, misturados a vaias. Ele resolveu agir: 'Peguei o microfone e dei um berro. ‘Vocês estão acostumados à música popular, que permite mexer com seu corpo, seus gritos. Mas agora, vou tocar uma música que mexe com a sensibilidade de vocês e tem que ser ouvida com respeito. Se ficarem quietinhos, vocês vão dar espaço para que essa música entre em vocês. Portanto, silêncio’. Nunca, nem no Municipal, ouvi um silêncio tão sepulcral como aquele'.