As Unidades de Terapia Intensiva, desde seu surgimento, foram caracterizadas pela
presença de equipes multiprofissionais. A natureza das atividades e a complexidade das
condições clínicas do cuidado intensivo demandam, cada vez mais, conhecimento e competências advindas de praticamente todas as áreas e formações da ciência da saúde.
Neste contexto, é possível afirmar que o principal diferencial, a força desta especialidade (terapia intensiva), advenha do trabalho em equipe e da abordagem multidisciplinar,
fundamental para o melhor desfecho.
A atuação da fisioterapia no cuidado do paciente crítico é um dos pilares que sustentam
o conceito de terapia intensiva e o melhor cuidado para estes pacientes. Cada vez mais ampla, vai além do manejo da insuficiência respiratória e dos diferentes suportes ventilatórios
ou da reabilitação motora.
O conhecimento e a contribuição da fisioterapia crescem em paralelo à especialidade,
sendo indissociável de diferentes aspectos do cuidado e com foco não só em desfechos de
curto prazo. Com a redução progressiva da mortalidade hospitalar de pacientes gravemente enfermos e o envelhecimento populacional, passamos a enfrentar o desafio de promover
qualidade de vida e reduzir sequelas dos pacientes que sobrevivem a doenças críticas. A
maioria dos pacientes nesta condição não retorna à funcionalidade física, cognitiva ou emocional plena mesmo após 1 ano do episódio de cuidado intensivo.
O status atual demonstra a necessidade de avançar não apenas na capacidade de reabilitação, mas principalmente em intervenções que, realizadas durante o cuidado do paciente crítico, possam contribuir para evitar comprometimento funcional a longo prazo.
A pandemia da Covid-19 ressaltou a importância do conhecimento aplicado ao recurso
tecnológico. De nada adianta disponibilizar ventiladores mecânicos se não existem profissionais capacitados para definir e ajustar continuamente a melhor estratégia ventilatória.
A ampliação de escopo de atuação e a gama de oportunidades de intervenção que
ocorreram nos últimos anos neste campo de conhecimento são impressionantes, com a
incorporação de novas modalidades de avaliação como a ultrassonografia e a impedância
elétrica, o aprimoramento dos sistemas de suporte circulatório avançado (ECMO), os dispositivos e técnicas que permitem a mobilização cada vez mais precoce e os avanços para a
personalização do cuidado de acordo com patologias especificas.