O Brasil que emerge nesta primeira década do novo milênio encontra-se marcado por importantes avanços em diversas áreas. No entanto, necessita ainda incorporar em sua agenda política o enfrentamento do persistente quadro de desigualdades secularmente instalado no país.
Abordagens propostas pela mídia sobre questões como o racismo, as desigualdades de gênero, a concentração da terra, dentre outros, exibem uma conotação conservadora acerca da situação social do país. Utilizando-se de argumentos pretensamente fundados na defesa dos princípios democráticos, advogam a manutenção de privilégios. De praxe, argumentam que o problema das desigualdades sociais deve ser resolvido com a melhoria da qualidade da escola pública, imputando especialmente a educadoras e educadores a responsabilidade pela falta de igualdade de oportunidades para o conjunto da população brasileira na efetivação de direitos.
A publicação do Caderno Diversidade e Ações Afirmativas: combatendo as desigualdades sociais visa a apresentar um contraponto a essa visão, oferecendo-nos a oportunidade de situar a questão das lutas sociais pela ampliação dos direitos no contexto de lutas históricas que têm os movimentos sociais como protagonistas. O texto tem o mérito de situar esses embates em vários espaços, oferecendo-nos uma instigante reflexão sobre os desafios situados no espaço escolar e no campo das práticas pedagógicas.
José Eustáquio de Brito
Professor da Faculdade de Educação da UEMG
Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Educação e Relações Étnico-Raciais