Do meu olhar é o primeiro livro solo de Berenice Longo, digno da tradição rio-grandense de mulheres poetas, inaugurada ainda no século XIX por algumas delas, em especial Luciana de Abreu. E colocar seus nomes Lado alado, sobre as mesmas asas, não é uma metáfora, e sim uma constatação. Mario Quintana, quando era elogiado, dizia que não existem grandes poetas: a pessoa ou é poeta ou não é. Assim, não vou cair na tentação de falar na grandeza poética de Berenice, porque os seus leitores logo estarão bebendo dessa fonte de água pura. Começando pela convocação que faz no início do livro: Vem, poesia! Cura este meu louco dia a dia, e terminando com a dor guardada por tempos no silêncio do coração, ela seguiu a lição de Ataualpa Yupanqui: colocou em cada poema apenas o seu talento. Lembro perfeitamente quando Bere leu seus primeiros versos em sala de aula, na Oficina de Poesia & Declamação que ministrei em parceria com a APCEF-RS, de outubro de 2015 a novembro de 2016. Em poucas palavras, descreveu o mar com seus cinco sentidos, arrastando-nos para junto dele pela magia da sua voz, a expressão facial emocionada e a gesticulação digna de uma maestrina. Sim, além de poeta, nasceu com a rara vocação de declamadora. Disciplinada, voltou a frequentar comigo uma oficina similar de 2017 a 2018, tendo participado com destaque de duas coletâneas de poemas e de alguns saraus de declamação. Agora, Berenice Longo sobe ao palco para encantar os leitores deste livro com Cheiro de pele, que vai deixar Marcas pelo chão... Uma Imagem refletida? Um Momento fecundo? Pouco importa, podem abrir em qualquer página, que logo me entenderão. Alcy Cheuiche Porto Alegre - Feira do Livro de 2019