Talvez este livro acabe sendo lido clandestinamente, sob os lençóis, à luz de lanterna, ou embaixo das carteiras escolares, embora tenha sido escrito para nada esconder. Ele fala sobre sexo e inocência, sobre preconceito e pureza de propósitos, sobre amor e crueldade – temas, em suma, que os adultos costumam afastar dos jovens. Os contos aqui reunidos tratam de relações marcantes entre o jovem e outros seres humanos – adultos e crianças –, relações que se concentram no que há de mais importante na vida: a morte e o amor, o prazer e o sofrimento, a entrega e o temor. Alguns deles revelam o sexo como arma de opressão ou como instrumento de descoberta do outro. Alguns mostram o amor dentro e fora da família, os gestos autênticos e a coragem que estes requerem. Outros ainda denunciam sem piedade as pequenas formas de matar a dignidade, aquelas que se praticam no dia-a-dia, sem sentir. Todos eles, porém, são fruto de uma arte interessada na concisão e na verdade, naquilo que é essencial saber sobre a vida: que ela deve ser vivida com seus sustos, mas sem ideias ou cabeças feitas. Por isso, não é um livro moralista, mas também não é pornográfico. A iniciação à vida e a seus desvãos é abordada aqui sem meias-palavras, com malícia e bom humor, com seriedade e assombro. Devido à sua intensa autenticidade, esses contos cativarão todo aquele cujo desejo de alargar experiências, desafiar o proibido e ver o lado de lá não tiver sido sufocado pela hipocrisia que usualmente dirige as relações sociais.