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Sinopse
Ambos, Dr. Winter e Dr. Teixeira, enfrentaram as batalhas pelas fronteiras – cada um à sua maneira, pois o alemão declamava Heine pelos campos do sul, enquanto o mineiro ecoa sua própria voz nos versos ora compilados.
Se o médico germânico percorria um mundo em que as fronteiras físicas estavam em constante conflito nos embates territoriais que marcaram a história do Cone Sul, a poesia do médico mineiro também traz a marca da disputa pela delimitação de fronteiras, como pela definição de dirimir a territorialidade da subjetividade do paciente na rigidez pré-moldada e engessada da psiquiatria norte-americana: “Como está seu humor?/Está ouvindo vozes? /Vendo sombras?/Paranoide?/Alguma ideia suicida?/Algum sinal de abstinência?/A pessoa não tem lugar,/Submersa que está numa lista de sintomas.” (Entrevista psicopatológica).
Em outros versos, os limites fronteiriços se impõem na realidade como práxis da própria medicina norte-americana: “De um lado os americanos, todos brancos./Do outro, os imigrantes de todas as matizes./Osprimeiros conduzem a reunião para pontos irrelevantes/Ou extremamente concretos./Resistem a discutir conceitos./Resistem a discutir problemas. / Não há o que refletir. /Não há o que melhorar.” (Teatro armado).
E assim “pesquisa a dor o pesquisador” (Dinâmica Íntima) de um mundo de fronteiras por demais delimitadas, por demais rígidas. E, nesse mundo de limites tão herméticos, encontra a angústia de fronteiras que internamente se esgarçaram: “Noto a radiante alegria de meus filhos. /Tento compartilhar o sentimento./Mas não estou lá,/Absorto no emaranhado de minhas sensações./Fragmentado, partido.” (Contraste). Os versos trazem a marca do dilaceramento de divisas que se estiram: “Clama pela poesia que sustenta, sutura,/E também por aquela que rompe e decompõe.” (Pretensão).
O leitor percorre esse mapa pleno de delimitações formais, mas cuja aparente solidez esconde uma fragilidade quase comovente pelo drama do humano escanteado desses mesmos limites. Os versos, então, resgatam o primado da afetividade, ao conduzir ao reposicionamento de marcos territoriais em bases mais genuínas, mais tangíveis ao toque humano: “Meus pensamentos me superam./Vêm e batem./Vêm e batem./Percolam minhas memórias mais íntimas./Infiltram minhas fissuras mais ínfimas. /Amorfo e fluido,/Assumo a forma que me contém.” (Feito água).
Que os versos do Antônio Lúcio – a quem guardo entre as fronteiras afetuosas da amizade – levem o leitor a ter suas fronteiras internas rompidas e depois redemarcadas pelo percorrer dessas páginas.
Por Leonardo Cruz de Souza
Ficha Técnica
Especificações
ISBN | 9788594940254 |
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Subtítulo | DESENCANTO EM POEMA-PROSA DE UM ANALISTA NO TEXAS |
Pré venda | Não |
Peso | 170g |
Autor para link | TEIXEIRA ANTONIO LUCIO |
Livro disponível - pronta entrega | Sim |
Dimensões | 22 x 13 x 0.8 |
Idioma | Português |
Tipo item | Livro Nacional |
Número de páginas | 96 |
Número da edição | 1ª EDIÇÃO - 2020 |
Código Interno | 975717 |
Código de barras | 9788594940254 |
Acabamento | BROCHURA |
Autor | TEIXEIRA, ANTONIO LUCIO |
Editora | SCRIPTUM |
Sob encomenda | Não |