O efetivo ingresso da Inglaterra na torrente de novas ideias e visões de mundo que mudou a face da sociedade ocidental tem, no reinado de Isabel I (1558-1603), seu marco fundador. Era de grande expansão econômica e de implantação dos impérios coloniais, de intensa agitação política, religiosa e cultural, gerou uma atmosfera de otimismo, com notáveis realizações e triunfo militar a vitória sobre a Espanha e sua ´Invencível´ Armada. Na história das artes inglesas, ela também se gravou pelo florescimento incomparável de sua criação dramática e cênica, que teve em Shakespeare sua maior expressão. O Bardo, porém, não brilhou solitário. Foi parte de uma constelação rara, em que figuram Ben Jonson, Marlowe, Kyd e Lyly, entre os muitos autores dessa era de ouro. Alguns deles conquistaram públicos não só locais como no resto da Europa. É o caso de Kyd, cujas peças tiveram o favor dos públicos alemão e holandês por gerações. Não obstante, fora de tais âmbitos, a produção desses autores é muito menos conhecida, sendo raras suas traduções e quase inexistentes em português. Daí o relevo que adquire o projeto desta edição com as versões de A Tragédia Espanhola, Tamerlão e A Trágica História do Doutor Fausto para o vernáculo. Numa linha tradutória que quer fazer as obras consagradas pela crítica do tempo falar, tanto quanto possível, a língua de hoje, limpando-as da pátina com que as tradições as cobriram, Bárbara Heliodora, cujo conhecimento deste repertório é de consenso, vence o desafio a que se propôs, como esta Dramaturgia Elizabetana comprova ao leitor e ao espectador brasileiros. J.Guinsburg e L.H.Soares´