No livro Drogas e suas imagens: ensaios sobre a experiência com psicoativos, Getulio S. S. Pinto lança um olhar singular sobre a famigerada questão do uso de substâncias psicoativas ilegais. Fazendo um híbrido entre contos literários, discussões de cunho genealógico e debates dos campos da filosofia e da ciência, o autor aposta no desmonte da aparelhagem procedimental discursiva que justifica o encarceramento e extermínio de minorias tendo a palavra “droga” como chave de acesso. A partir das contribuições de intercessores como Friedrich Nietzsche, Michel Foucault e Walter Benjamin, a metodologia de escrita define-se como um alegorismo ensaísta, em que o rompimento com o logocentrismo academicista nas dimensões ética, estética e política é motor da desconstrução de imagens totalizadas no campo em questão. O leitor terá contato com uma experiência literária que traz para a cena as principais imagens que habitam o terreno da conhecida guerra às drogas na contemporaneidade, ao mesmo tempo que poderá correlacionar esses contos com debates do campo ético-técnico sobre a problemática das drogas ilegais. Para compor esse último objetivo, o livro conversa com autores do campo das drogas dos cenários internacional e nacional, como Howard Becker e Bruce Alexander, bem como Marcelo Fiore e Elisaldo Carlini, entre outros. Como base conceitual, Getulio faz uma densa discussão a respeito de categorias como linguagem, história, memória e acontecimento, ofertando ao leitor um aprofundamento essencial dessas que são categorias básicas no campo das ciências humanas, bem como da filosofia. A partir de forte inspiração alegórica e genealógica, o autor convida-nos a desconstruir a imagem das drogas como um mal em si, para que possamos ver emergir a teia político-societária que, entre outras resultantes, erigiu uma guerra contra algo que acompanha a história da humanidade desde tempos imemoriais – o trópos da psych?.