Nesta obra o autor leva-nos de volta ao acto criador naquilo que este tem de inicial e de global: "No princípio, Deus criou o céu e a terra." É o anúncio de um processo, a partir de um caos social tido como primordial. Onde terá lugar a génese do homem que escreve a Bíblia, a génese da escrita que faz a Bíblia e a génese do Deus que intervém na Bíblia. Este livro reclama do seu leitor uma virgindade de espírito no que diz respeito à Bíblia: um total esquecimento de todo o saber, por mais oficial e garantido que seja. Convém ler; depois, consequentemente pensar, e em caso de necessidade, discutir. Porque quanto à Bíblia não havia nada que dissesse: "No princípio, a Bíblia era sem forma e vazia" (em hebraico tohû-bohû), poderíamos dizer poranalogia com a Terra. Nenhuma realidade no mundo poderia testemunhar a sua própria génese. Estamos antes da Bíblia, quando não existe Bíblia: e então a Bíblia não tem nada a dizer. A palavra será dada a tudo o que não é ela, pedras e letras, próximoedistante, que pode traçar e aclarar o caminho. O propósito e o método nada têm de comum com uma introdução à Bíblia, a qual tem precisamente como objecto a Bíblia, composta por um Antigo Testamento e um Novo Testamento; uma colecção de livros escritos de uma vez por todas que se apresentam individualmente ou em ligação com um conjunto literário mais vasto: o Pentateuco, os Profetas, os Salmos, etc. Aqui, a priori ou "no princípio", não existe nada disto. Seguimos a "génese" da Bíblia, não a descrevemos face aos comentadores. Ao longo de todo este livro, convidamos o leitor a viajar, no espaço e no tempo, sobre a terra e depois mesmo pelos céus. Em primeiro lugar, estarão as sociedades e com elas a cultura.