Quando a educação é subsumida no modo de operação de empresas cujo interesse primordial é o lucro, ela se torna uma atividade meio para acumulação de capital, não diferindo de outros tipos de mercadorias e serviços. Sob tal condição, já dizia Marx, pouco importa se o investimento se dá numa fábrica de salsichas ou de ensino, pois a relação fundamental do capital segue a mesma. Neste livro analisamos a atuação de grupos empresariais na educação básica pública brasileira, no contexto da crescente mercantilização do setor e de sua vinculação com as formas fictícias do capital. Pesquisas sobre a temática têm sido intensas nos últimos anos, englobando distintas concepções políticas e teóricas. Em nosso caso, buscamos relacionar contribuições das áreas da educação e da economia política. Apropriamo-nos da obra de Marx e das discussões sobre a acumulação capitalista contemporânea para compreender o processo que alguns autores denominam como financeirização; não perdemos de vista as particularidades da formação social brasileira, analisadas principalmente a partir do legado deixado por Florestan Fernandes. No campo educacional, dialogamos com alguns dos autores que têm se debruçado sobre os complexos processos de privatização, relacionando-os ao movimento mais amplo do desenvolvimento capitalista e considerando aspectos específicos envolvidos nas disputas pelo controle ideológico das escolas. O caso aqui estudado é o da Somos Educação, emblemático para flagrar a lógica contemporânea da privatização da educação. Embora tenham sido mais investigados no âmbito do ensino superior privado, os processos de financeirização também se fazem presentes na educação básica, campo onde vêm crescendo com grande vigor. A pesquisa ora apresentada releva que a financeirização de atividades de grupos como a Somos intensifica os processos de concentração e centralização de marcas e negócios, aumentando sua presença na educação pública e potencializando os lucros, inclusive para os investidore