O livro Educação Ambiental e Fenomenologia: meio ambiente percebido por adolescentes em excursões, destinado inicialmente a professores e pesquisadores da Educação, merece a atenção de quem se preocupa com as questões ambientais. Ele mergulha no modelo duro de sociedade, ciência e educação, embasado na crença do desenvolvimento material ilimitado e do consumo irracional e predatório, que provocam violenta degradação ambiental, danosa ao organismo planetário Terra e aos seus habitantes. O modelo enraíza-se no processo histórico da modernidade, em que o Homem se apartou da natureza para dominá-la, e tenta explicar seus fenômenos por meio de experimentos quantitativos unidos à razão. A ciência moderna criou um mundo de riscos. Os resultados da ciência e da tecnologia incorporam-se ao cotidiano das pessoas, mas estas não prescindem de cultivar valores que contemplem aspectos estéticos, morais e éticos. As dúvidas sobre a ciência se aguçam em cursos nos quais se retalha a vida e se adquire o saber pela tortura, pelo ódio. Seria possível utilizar informações coletadas pelos sentidos e elaboradas pela mente (percepções), para estudar/reconhecer espécies de animais, plantas e outros seres vivos do planeta? Um professor escapa do espaço rígido da escola, da sala de aula, e aprende a realizar excursões a partir das próprias experiências, acertos e falhas. O contato com o meio ambiente natural, em lugares como parques, mais que uma aula, constitui uma vivência, um fenômeno singular para os seus participantes. Saudável loucura: arriscar-se como educador ambiental, reagir à mesmice e à banalidade, agir como cidadão, expor-se como exemplo. Excursões permeadas por um trabalho cativante de educação ambiental preservam singularidades, lapidam a personalidade dos alunos (que aprendem brincando), criam e esculpem valores, despertam emoções e sentimentos como a topofilia e a biofilia. O contato com a natureza evidencia a percepção de ela ser viva. Quem a ama, não a trata como objeto descartável, mera fonte de recursos; dialoga com ela, sujeito com sujeito. A fenomenologia da percepção desponta como filosofia adequada para trabalhar com os dados coletados nas excursões.