Trata-se do relato de múltiplas pesquisas que narram a realidade de educandos surdos e seus educadores em Brasília e em outras sete regiões administrativas do Distrito Federal. Ler sobre a situação atual da educação pública no Distrito Federal nos permite conhecer as diferenças entre o legal e o real.
O livro é dividido em duas seções. A primeira aborda experiências na e da educação inclusiva para surdos. A segunda seção refere-se aos desafios encontrados na e da educação bilíngue para surdos. Não passa desapercebido o uso das preposições que trazem em seu bojo diferenças no significado. São dignas de interpretação. Qual o sentido que diferencia o na do da? Ouso considerar que o da envolve a política educacional ditada pelo nível federal, e a realidade local das escolas pesquisadas significa o na, uma vez que nem sempre expressa a concretização das políticas educacionais públicas, ditadas pelo MEC.
O livro, leitura agradável e necessária, mostra o quanto avançamos e o quanto ainda precisamos avançar em múltiplas dimensões: nas relações professor regente/ professor intérprete, no reconhecimento do ensino de Português a partir da Libras, na crença da potencialidade do alunado surdo, em atividades didáticas pautadas na visualidade, na discussão de temas tabus.
Recomendo fortemente a leitura do livro Educação de surdos: entre o discurso e a prática para professores, familiares e todos aqueles que se interessam pelo avanço da educação no Brasil. As narrativas contidas no livro contribuem para se combater uma sociedade excludente e preconceituosa e para se conviver em uma sociedade onde todas as diferenças – linguísticas, culturais, cognitivas, emocionais e de gênero – sejam respeitadas.