As organizações e experiências econômicas de cunho operário e popular, estabelecidas sobre a base da associação dos trabalhadores, que têm aparecido e se manifestado em vários países do mundo, têm recebido, pela pouca literatura ainda existente, a denominação de formas econômicas alternativas ao capitalismo ou formas econômicas não capitalistas. Autores mencionam termos como a globalização alternativa, economias alternativas ou de desenvolvimento alternativo. Do nosso ponto de vista, os termosalternativo e nãocapitalista, devem ser tomados com cautela, uma vez que esses fenômenos estão emergindo sob a hegemonia do capitalismo, e abrigam contradições não superáveis no âmbito desta ordem social. Essa é a principal razão pela qual essas organizações devem ser consideradas como transitórias. No entanto, essas ações dos trabalhadores são reveladoras do seu mal- estar frente à crescente inumanidade do mundo do trabalho capitalista, em especial ao desemprego estrutural e à precarização geral do mercado de trabalho. Antes de tudo as organizações de trabalho associado são atos de resistência, um grito de recusa dos trabalhadores das condições de existência nas quais visivelmente se empobrecem, em antítese com o aumento crescente da riqueza e das potências produtivas de seu trabalho. A irrupção do trabalho associado parece revelar também que os trabalhadores, os diversos trabalhadores coletivos que compõem o universo da produção, estão adquirindo cada vez mais confiança em si mesmos,estão percebendo que podem organizar autonomamente o trabalho e construir relações sociais democráticas.