“Trabalhar com mídia é assunto de escola rica”. Essa frase, que não é nada incomum de ser ouvida nos mais diferentes fóruns, traduz o desconhecimento sobre a relação entre mídia e educação. Escolas públicas no Complexo do Alemão, na Cidade de Deus e na Rocinha, todas são comunidades no Rio de Janeiro com desafiadores cotidianos, trabalham com essa didática, há anos. O assunto que sugere ter cores modernas, por incrível que pareça, é antigo, mas não datado.
“Não entendo de tecnologia, não sei gravar nem muito menos editar um vídeo”, disse-me uma professora da rede pública estadual do Acre. Outro engano é acreditarmos que, da noite para o dia, precisamos nos tornar produtores de conteúdo tal qual vários estudantes nossos. O trabalho com mídia e educação nos propicia entendermos as inúmeras veias do processo em vez de só nos atermos ao produto final.
Em “Carolina”, Chico Buarque diz que a protagonista não quis ver as maravilhas que passavam. Parafraseando, a professora e o professor que não quiserem observar a força desse debate pedagógico tendem a se isolarem em janelas cada vez mais ultrapassadas. Independentemente se pobres ou ricos, vivemos com uma geração de estudantes com sinapses makers. São meninos e meninas, de idades diversas, que querem questionar, produzir e colaborar com nossas aulas. Eles estão cantando “eu bem que avisei, vai acabar”. E aí, Carolina?
(Thiago Gomide)