Este ensaio emerge como proposta e provocação ao caro leitor, seja ele educador ou não. A reflexão se delineia a partir de uma pergunta fundamental: "Educação religiosa: humanização ou doutrinação?". O texto visa explicitar a intuição segundo a qual o caráter laico da educação não se opõe à existência da Educação religiosa enquanto autêntica disciplina na comunidade educativa. Embora tal intuição se encontre anunciada indiretamente nos documentos oficiais que estabelecem a disciplina como parte do currículo básico, carece, efetivamente, de explicitação. Para tanto, realizamos uma exposição sistemática daquilo que supomos constituírem alguns dos principais elementos estruturadores da disciplina. O texto é fruto também da experiência pessoal da docência e coordenação dessa área do conhecimento bem como de áreas afins. O amplo e complexo fenômeno da religião que estruturou e continua ainda a exercer forte influência na estruturação das civilizações, na formação de arquétipos, representações sociais e principalmente da normatividade ética, não pode ser ignorado e banido das escolas em nome de um medo à doutrinação. O Estado laico não é a-religioso e nem ignora a força das crenças. Os agentes educacionais precisam manter a postura ética de exercerem a docência em relação ao fenômeno religioso com esmero e prudência, reconhecendo o tempo dedicado à disciplina como oportunidade para aprofundar nela fundamental dimensão da existência humana. O ser humano, para além de ser animal político e que pensa, é também existência que crê e espera, é animal utópico e transcendente, portanto, religioso. Bem-vindos a bordo!!!