Nas mitologias mesopotâmicas, a presença da deusa Tiamat, dotada de capacidade ordenadora e criadora, sugere, no momento primordial da saída do caos para a ordem social, a presença do feminino como poder organizador da sociedade. Na continuidade do relato mítico, este período vital é lembrado como fecundo, alegre e pacífico. Com a vontade de espelhar a ruptura com esse momento cardinal da história, a mitologia suméria e babilônica passam a ver o feminino como um perigo. A fim de superar esse momento crítico da humanidade adolescente e fugir do calor materno, o relato mitológico volta-se para o masculino dominador e violento. A admiração da força e o desprezo do cuidado cristalizaram-se simbolicamente no culto ao deus Marduk. O culto à violência perdura até os nossos dias, mas a humanidade está reclamando o cuidado.
A nossa cultura ocidental, com ressaibos ancestrais não superados, continua a fazer descansar a organização social sobre a autoridade do masculino, rendendo culto à força e à riqueza (Moloch, devorador de humanidade). Contudo, tensionada pela lembrança mítica da igualdade antropológica, a dinâmica cultural dos nossos dias encaminha-se à procura de um modelo no qual, valorizando a racionalidade e a afetividade, venha reconhecer o valor inicial do acolhimento feminino lembrado pela tradição mítica.
Os autores, olhando para o fundo incompreensível da Energia que tudo une, deixam-se conduzir pela lógica da racionalidade cordial. Movendo-se pelo interior do universo utópico, desenhado pela harmonia conflitiva da fraternidade, reflexionam sobre um outro modelo antropológico que, promovendo a justiça e a colaboração, sirva de base à educação no seu empenho de cultivar a plenitude humana.
A festa da vida reclama a generosidade e a ordem necessárias para compartilhar o pão ao ritmo das necessidades de cada um. Os autores, animados pelo espírito aberto e nobre, promotor de vida, descobrem nos vocacionados a construir a sociedade pela educação uma especial sensib