Perante a mentira totalitária e a violência do Estado, a consciência (encarnada pelos "dissidentes") é verdadeiramente o princípio de todo o sentido da dignidade humana. Um facto que é, hoje, incontornável. A consciência é esse pequeno nada insignificante que obriga a proclamar verdades tão elementares quanto esta: "isto é branco, isto é preto" (Adam Michnik). Porém, qual é o lugar da consciência nas sociedades democráticas actuais, socialmente muito desestruturadas? Neste sentido, o apelo à consciência não será vão ou ridículo? Qual o seu destino depois das críticas à consciência pela filosofia e pelas ciências humanas? Não será a consciência, inevitavelmente, a consciência da "boa alma" impotente, não terá ela perdido boa parte da sua credibilidade, depois da descoberta do inconsciente? E para aqueles que ainda conservam uma exigência moral, não será preferível confiar na majestade e solidez das leis que, pelo menos, representam referências fiáveis. Assim, todo o elogio da consciência, para evitar cair na ingenuidade, deve ter em consideração as críticas mencionadas e avaliar as condições e os limites da sua acção. Paul Valadier percorre as várias objecções com rigor e clareza. De tal forma que, no final, o autor está à vontadepara afirmar que "a consciência é, e deve continuar a ser, uma referência fundamental". Só ela pode evitar o seguidismo tão perigoso, opor actos de resistência, dar a vitalidade às democracias e salvaguardar a dignidade dos indivíduos. Um livro ainda mais fascinante numa época que parece arredada da consciência.