Neste livro, Csaba Deák retoma o secular debate da teoria de renda para recolocar a análise e interpretação da organização do espaço e do próprio capitalismo em novas bases, com novas categorias. No âmbito do espaço, e o espaço urbano em particular, Deák assinala que a construção de infraestruturas é feita pelo Estado, que assim define as características, e portanto, o valor de uso, das localizações nele contidas. E estas são colocadas no mercado na forma de propriedades, que terão um preço de mercado estabelecido por meio de competição entre os usos potenciais. O uso do solo assim formado pelo assentamento das atividades urbanas será regulado pelo mercado (por meio do preço da localização) e pelo Estado (por meio de leis de uso e ocupação do solo, e taxas e impostos imobiliários). No âmbito do capitalismo, a dialética – atuação conjunta e antagônica – Estado-mercado se amplia para se estender a toda reprodução social. As condições em que a forma-mercadoria pode ser ampliada e sua primazia assegurada define estágios de desenvolvimento: extensivo, intensivo e crise contemporânea, que por sua vez engendram formas ideológicas correspondentes do liberalismo, socialdemocracia e neoliberalismo. O autor ainda analisa o caso brasileiro, que se encaixa nesse quadro de modo muito específico: é sucedâneo da sociedade colonial e ao se tornar independente internaliza os mecanismos de sua reprodução em um processo que Csaba Deák denomina de acumulação entravada. Ademais, imprime as características do urbano com a escassez e a precariedade da infraestrutura, resultando em fragmentação e extrema diferenciação do espaço.