Nesta obra, Daniel Arruda Nascimento posiciona-se no cerne do pensamento de Giorgio Agamben, na medida em que a política tornou-se o centro de seu fazer filosófico durante as últimas décadas. O autor nos conduz, de um lado, pelas principais trilhas conceituais que Agamben traçou sobre a política. De outro lado, se aventura por novas trilhas em que a temática de Agamben resulta pertinente, porém são territórios de pensamento que não foram contemplados. A leitura deste livro há de ser feita nos interstícios desta difícil tensão, inerente à obra de Agamben, de uma crítica à política vigente e uma abertura para a política que vem. A política que vem não é apresentada por Agamben como um projeto pronto ou uma espécie de “novo manifesto”, muito comum nos séculos XIX e XX. A política que vem é sinalizada pelo autor como uma espécie de horizonte de impossibilidade. Não porque a política seja impossível ou absurda, senão porque a impossibilidade de realizar os ideais da política é inerente ao próprio fazer político. Mas a impossibilidade da política não invalida a política, pelo contrário outorga-a um novo estatuto epistêmico. A impossibilidade do ideal da política é condição necessária da historicidade humana, sabendo que todos os ideais da política estão em constante construção e desconstrução, a ação da política que vem exige tensão agonística do agir permanente. A política que não se vê aponta para as formas éticas de vida como alternativas possíveis que deveremos construir numa política que vem, se quisermos desativar os dispositivos da governamentalidade biopolítica que nos cercam por todos os lados.
Castor Bartolomé Ruiz
Universidade do Vale do Rio dos Sinos