Encantarias da Palavra é o 21º livro de poesia de João de Jesus Paes Loureiro – considerando a coletânea Cantares Amazônicos (Roswitha Kempf, 1985) –, que também é autor de trabalhos nas áreas da filosofia, música e teatro, com obras traduzidas para o alemão, italiano, francês e japonês. Paes Loureiro tem dedicado sua vida à poesia. Advogado por formação, professor por profissão, poeta por vocação, é na (in)completude fecunda das palavras que o poeta encontrou seu habitat. Com prefácio de Joaquim Brasil Fontes, Encantarias da Palavra está dividido em nove partes. Em Pequenas Percepções do Cotidiano (tercetos); As Gatas; Agônicas Percepções do Cotidiano e Poemas Dramáticos, o livro retrata, sob um olhar ora amplo, ora microscópico, mas sempre poético, detalhes muitas vezes desprezados do cotidiano, seja no apartamento, na rua ou em uma praça. O livro também revisita o reino dos mitos regionais que tanto inspiraram e ainda inspiram o poeta da Trilogia Amazônica. Nas seções Os Mitos Veem o Homem; A Natureza Vê o Homem; e Hinos Dionisíacos ao Boto, a realidade histórica e cultural da Amazônia se mistura às lendas gregas e deixa o leitor imerso no mundo imagético e imaginário, místico e mítico de Tupã e Zeus, pois, no reino das encantarias não há fronteiras. Em Poemas sobre a Dança e Sete Odes, Paes Loureiro nos apresenta a poesia que se liberta da palavra , que é ritmo e movimento, que é silêncio e contemplação. Novamente, o poeta, com sua pena, apaga qualquer limite entre as artes. O clássico ballet de berço europeu se une ao carimbó em terras amazônicas para preencher, nos passos da bailarina, o livro de sons e cores. O livro traz ainda um debate sobre criação literária, os caminhos da poesia e a função social do poeta. Neste Encantarias, Paes Loureiro prova que natureza e arte andam juntas, forças magnéticas sim, que atraem mitos, danças, versos, sons, poesia. Encantarias termina com uma autobiografia, em que Paes Loureiro nos convida a conhecer a Abaetetuba de seu nascimento, a infância humilde, os anos tortuosos e sombrios da ditadura, sua vida pública; Violeta, seus filhos e os projetos futuros, afinal, as palavras não são como a Boiuna, elas não dormem nunca.