Nesse interregno, três musas interrogam um erudito maiorquino do século XIV para entender o que faltou e o que ainda resta ser elucidado nos tempos do Apocalipse.
Raimundo Lúlio (1232–1314) não tem o condão de uma solução mágica, mas esteve com um pé na escolástica e outro na modernidade, uma perna nas ciências dos universais, outra na lógica dos significados.
De Leibniz a Peirce, sua Arte combinatória motivará os prolegômenos de uma hermenêutica divina em bases antropológicas e em conhecimentos de ordem retórica aplicadas até à lógica deôntica e computacional.
Artemis, Clio e Urânia vão querer saber como isso funciona em seus intuitos de inspiração nas artes do Direito, da História e da Astronomia.
Na antessala do Sétimo Empíreo – aos 45 minutos do segundo tempo –, Atlas vai querer uma resposta menos retórica (ou visionária!) e mais pragmática aos terráqueos, em 2033 d.C.
Invocando as graças de Iluvathar e valendo-se de glosas do jesuíta Francisco Suárez, Ramon Llull, o doutor iluminado, com uma demão de Aristóteles e outra de Duns Scott, não se dará por ab-rogado, usando da Árvore da Ciência, vai invocar ainda algo do Trivium, algo mais das artes liberais, e saberá dar alguma luz a um tempo de escuridão.
Encontros de Raimundo Lúlio a quatro minutos do Apocalipse, com prefácio de Ricardo da Costa, sustenta um diálogo ficcional pautado em mais de cinco obras, das 275 escritas pelo filósofo catalão. Arte Breve (Ars Brevis) é uma delas, escrita em sua fase de maior maturidade, em 1308, cujo texto, na segunda parte do livro, segue na íntegra, com tradução de Ricardo da Costa e Felipe Dias de Souza.