“Um fio quase imperceptível separa a crônica do conto. Eduardo Portela, por exemplo, afirma que o conto pode ser uma crônica, e vice-versa, um poema em prosa, um pequeno ensaio, até mesmo as três coisas simultaneamente. Machado de Assis usou o conto tradicional e o moderno, em fases diferentes da sua iniciação até firmar um estilo próprio. Alguns autores conferem características universais ao conto, quando de movimentação episódica, parente próximo da novela e do romance, conforme opinou Assis Brasil. No caso presente, José Cláudio incursiona por ambos os modelos, com algum acento psicológico, que se enriquece de uma linguagem coloquial, sóbria e expressiva. Suas histórias são repassadas dessa temática homogênea e atual, que particulariza tipos humanos e circunstâncias singulares do seu universo criativo. Esses tipos humanos se movimentam e ganham vida à medida que flui a imaginação do autor. Este resguarda a pureza do vernáculo, sem recorrer às agressões verbais tão comuns nesses textos e interpreta a comédia humana com humor e arte. Encontros em Contos, embora um livro inaugural, demonstra nítidos sinais de que o autor começa uma carreira promissora, tais os predicamentos com que sabe ornamentar as narrativas e administrar seus personagens. Percebe-se que José Cláudio dispõe de potencial para arriscar vôos mais altos, que só a experiência e o amadurecimento intelectual podem permitir. É um suporte nesses valores que esperamos do autor a continuidade da sua criação literária e o constante desenvolvimento de suas aptidões imanentes”. Túlio Vargas Academia Paranaense de Letras