No alto da Cordilheira Oriental, olhando à esquerda as terras quentes do vale do Magdalena e à direita os Llanos Orientales que descem até a selva amazônica, Bogotá logo iria se tornar a capital do Olimpo Radical, após o fuzilamento ou deportação aos trabalhos forçados na ferrovia do Panamá, dos últimos liberais radicais das Sociedades Democráticas vencidos no enfrentamento decisivo da Revolução de 1854. No emaranhado de parágrafos que viemos tecendo até agora, as imagens da árvore da liberdade e da forca se entrelaçam a cada passo num abraço agônico, como duas plantas a parasitarem-se reciprocamente. Mas, já que recorremos à metáfora vegetal, é preciso falar de flores... Observando com cuidado cada meandro em que a liberdade e a forca se entrelaçam, encontraremos delicados trabalhos de artesanato, até mesmo nos galhos arruinados onde a seiva de uma e da outra mal circula ainda. Restos de ramas e de folhas mortas, recolhidas com paciência e com esperança, convertem-se em ninhos e dentro deles há passarinhos recém-nascidos. Podemos ouvi-los, já que chegamos até aqui. Contracapa Há duas linhagens clássicas na historiografia: a liberal e a marxista, ambas com incontáveis variações. Ambas compartilham, diante do que investigam ou explicam, a expectativa de um desfecho a alcançar num futuro inevitável. Este pequeno conjunto de ensaios recolhe fragmentos deixados pelo passado em textos e imagens, indagando pelos sentimentos e experiências vividas por pessoas que certamente tinham suas próprias expectativas de futuro.