Como desconstruir a utopia e encontrar os nossos limites morais para o desenvolvimento do mundo, sintonizar a “aparência com a essência e o desejo com a verdade”? Estudando a história com serenidade. Nestes "Ensaios serenos" de Edgard Leite, redescobrimos os desafios cotidianos impostos a alguém que tem Deus como força-motriz da existência e que percorre os seus mistérios com a fé que “pacifica a alma e permite a paz”. O autor está preocupado em “alcançar alguma teoria suficiente que parta das mais profundas percepções da nossa civilização”, como a literatura bíblica, o pensamento grego e o tomismo, e que incorpore todo um universo de questões surgidas a partir do Iluminismo. Embora a grande maioria dos 78 capítulos tenha um cunho ensaístico, alguns fragmentos passeiam pela narrativa da crônica. Tópicos como devastação, virtudes, verdades ancestrais, a crença como narrativa intelectual e a “ideia de que podemos buscar na eternidade, em Deus, o amparo e a compaixão para nossa jornada nesse vale de lágrimas que é nossa existência” são explorados de peito aberto e em contínua construção. Aqui temos a história como “um longo suceder de conflitantes decisões morais, que não se atam ao que as pessoas são ensinadas a ser”, mas também um encontro com a perplexidade, o extraordinário, o mistério, o suspiro do infinito, a espiritualidade na cadência de sua força e seu encanto.