O livro começa com dois estudos, extremamente atuais, sobre o singular caso da Venezuela, complementados por uma bela entrevista concedida lá, em 1974. Enviado a esse país, pela primeira vez, em 1957, em missão da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), Furtado logo percebeu que a presença de um recurso natural abundante - no caso, o petróleo - produzia um excedente estrutural nas contas externas e mantinha a taxa de câmbio em uma posição incompatível com a diversificação da base produtiva local. Desarticulado dos demais setores, o moderno setor exportador não impulsionava a modernização do conjunto da economia. Como a produção de petróleo e as atividades a ela diretamente associadas só absorviam uma pequena parcela da população,a grande maioria dos venezuelanos permanecia em atividades de baixa produtividade. Daí a expressão, aparentemente paradoxal, de que a Venezuela era um caso atípico de ''subdesenvolvimento com abundância de divisas''.