Radical alteração sofreu a ideia de História na modernidade. Até então existiam 'histórias' no plural - a história de uma cidade, a história de uma guerra -, sempre referidas a fatos e fenômenos específicos, cuja rememoração subordinava-se ao ideal pedagógico expresso por Cícero - a história como mestra da vida. Era preciso conhecer o passado para aprender com ele, pois as situações se repetiam, conservando, no essencial, a mesma estrutura e sentido. Só no mundo moderno aparece o conceito de História como um singular coletivo. A vida dos homens passa a ser compreendida como um único grande processo estendido no tempo. Novas teorias pretendem apreender o passado, o presente e o futuro como uma totalidade dotada de sentido, que engloba e unifica as histórias particulares. Surge a filosofia da História, que atinge a culminância com Hegel. O pensamento histórico reflete sobre si mesmo e experimenta de modo novo o transcurso do tempo. Começa a acreditar na possibilidade de manejar racionalmente a História e programá-la. A ideia de progresso assume um lugar central. Logo surge um sentimento de urgência em relação ao futuro já antevisto, cuja chegada deve ser acelerada. Desde a Revolução Francesa até o século XX, a ideia de antecipar o futuro provoca tragédias. Kant anteviu a chave do enigma - o paradoxo de uma história a priori, afirmou, só se torna possível quando o próprio adivinho organiza os acontecimentos que ele mesmo prognosticou. Georg Simmel pertence à geração de pensadores alemães que se propôs a completar a tarefa iniciada por Kant mediante uma 'crítica da razão histórica'.