A caatinga ressecada, que mais parece estar morta, se protege da força do sol. Depois de um ano inteiro de seca, quando chegam os meses de outubro e novembro, o angico dá o sinal ao céu com suas flores, pedindo chuva. Quando a água chega, as plantinhas mais frágeis se apressam logo em ficar verdes e também exibem suas flores. Na primavera, as árvores maiores, como a craibeira, a catingueira e o pereiro, promovem seu espetáculo de cores. Foi assim que a caatinga encontrou um jeito de sobreviver à fúria do sol: se fingindo de morta, passa o ano florida. Quem vive no sertão também tem os seus segredos para resistir aos castigos do sol, que insiste em ressecar a vida do sertanejo, esturricando sua pele, rareando a água dos barreiros e torrando o seu roçado. Sábio, o sertanejo adota a mesma estratégia da caatinga e fica atento ao sinal do angico, que com suas flores, atrai a chuva para a terra. E, aos primeiros chuviscos, prepara o plantio da lavoura de milho e feijão. É nesse cenário, entre a imensidão da Serra Azul e o sertão lá embaixo, aos seus pés, que sucede a história de Luiz e Angelita.