Estar entre dois mundos... Ou melhor: confessar, liricamente, a relação de compartir dois territórios. Em seu novo livro, Leandro Bolívar nos convida a conhecer os espaços e (nos) convencer sobre a potência não apenas dos lugares, mas dos tempos. Assim, somos levados a observar vozes que flertam em parques madrileños, aquelas que sentem os delírios de Moncloa, que escutam o choro de crianças no Largo do Machado ou mesmo as que não se furtam viver a intensidade (seja em Mérida, na Bahia, Sampa ou BH). Em diferentes poemas, ganha destaque o tom sinestésico, passamos a acompanhar um eu poético que ora acompanha Cervantes e diz não saber escrever, ora não parece ter dúvidas para expor suas intimidades, a dor do repetir, os aromas do amor. Ao plasmar a poesia da arquitetura do Guggenheim e transformá-la na dança sob o ritmo do rio, o conjunto está disposto e aberto à ação. Assim: pensar, beijar, brincar, amar, sofrer, sentir... Mas não tanto! Entre dois mundos, cada poema parece carregar confissões ao vento. O sopro fica por conta da leitura – que ilumina - de cada um de nós: “Os girassóis e a delicadeza das águas refletem / A contagiante energia das testemunhas / Que celebram sob a montanha a conquista a dois”. Phelipe Cerdeira Professor de literaturas hispânicas