O livro A escravidão por dívida no Tocantins-Brasil: vidas dilaceradas vem contribuir no contexto da relação do trabalho escravo contemporâneo com o escravo colonial do século XVI, em que o elemento importante estava na acumulação da riqueza por meio da força de trabalho, como também na figura do negro como renda capitalizada. A passagem de um sistema de cativeiro para um de trabalho livre foi incapaz de impedir a erradicação de fato da escravização no Brasil. Desse modo, em pleno século XXI, estamos vivenciando o trabalho escravo contemporâneo, maculado pelas instituições governamentais e os agropecuaristas com características semelhantes ao escravo moderno, graças à concentração da nossa estrutura fundiária. Esta obra apresenta categorias que tratam de definições precisas para que o leitor compreenda as arbitrariedades no campo, como o trabalho degradante, a precarização do trabalho, o trabalho análogo à escravidão e as formas de exploração dos fazendeiros aos trabalhadores para a acumulação do capital etc. São questões que estão em evidencia na sociedade e precisam ser desveladas para que o Brasil possa erradicar as atrocidades e a violência contra a dignidade humana cujo trabalho escravo contemporâneo representa. Assim esta obra apresenta dados com temporalidades atuais em nível de Brasil, em especial o estado do Tocantins, com depoimentos de trabalhadores vítimas da escravidão nas cidades de Araguaína e Ananás que representam números significativos de trabalhadores escravizados. Nesse sentido, é um livro que desperta ao leitor a compreender o trabalho escravo contemporâneo como atraso de um país na sua distribuição de renda, seja em seus aspectos econômicos, seja nos aspectos sociais e políticos. O trabalhador é posicionado em uma situação de alienação em relação às forças produtivas que determinam as ordens e criam as leis de forma a perpetuar uma mão de obra barata e submissa com as marcas do passado tão presente.