No final do século XVIII e início do século XIX, a onda de revoltas de negros escravizados resultou num clima generalizado de histeria antinegro nas colônias, do qual nem as metrópoles brasileiras escapariam. Mas a principal inovação nesse período foi o envio de negros “indesejáveis” de volta à África, para que não perturbassem a ordem escravista. A maioria dos escravos expulsos do Brasil era composta por negros alforriados antes da abolição da escravidão no Brasil (1888). Os que retornaram do Brasil tiveram certamente muitos motivos, mas não é possível esquecer, entre eles, a violenta repressão à Revolta dos Malês (1835). Graças aos libertos retornados, formava-se na costa ocidental da África uma elite profissional e política que, lá, conseguira o que a aristocracia agrária e escravista lhes negara nas Américas. Escrito pelo dramaturgo e escritor togolês Kangni Alem, Escravos conta a história dos primeiros afro-brasileiros. No início do século XIX, o tráfico negreiro fez a fortuna dos senhores de escravos e seus aliados no continente africano. O único que se atreve a falar contra a escravidão, o rei Adandozan, é deposto. Seu súdito mais fiel, um jovem mestre de rituais, é vendido para um comerciante Inglês e enviado como escravo ao Brasil.Kangni Alem narra a saga desse personagem que, depois de 24 anos como escravo e de participar de inúmeras revoltas, retorna à África para honrar a memória do seu rei, morto no esquecimento, para um país que o tornara estrangeiro.