Acompanhe a cena! É assim que o livro Escrito e Dirigido por Moisés Alves nos convoca para saltarmos sobre as inúmeras cenas poéticas dirigidas e tingidas por um amarelado ou preto e branco de uma tela muito expandida. Seus poemas ou pequenos roteiros ampliados, nada clichês, trazem a leveza dos fragmentos e gestos que se entrelaçam para contar breves narrativas poéticas. A trilha sonora do mar sempre presente nos espanta e de repente estamos diante de uma paisagem com contornos nouvellevaguianos. Poesia e cinema se unem e sobrevivem numa zona de rangência. Ouvimos nesses poemas uma multiplicidade de vozes. Escutamos o drama de corpos que nocauteiam e sobrevivem aos seus fantasmas. O leitor é assim convidado a penetrar neste espaço de experimentação no qual as perdas e os retornos caminham sob as ruínas douradas de um cassino que resiste ao esquecimento. Neste livro, pode-se morrer em um verso e reinventar-se em outro. São eletrizantes paisagens-poéticas que nos arrebatam a cada fragmento dirigido por uma perturbadora pena ou câmera muito vibrante. Esse livro é um elogio ao movimento daqueles que tecem pequenos roteiros de sobrevivência, daqueles que costuram seus pequenos mapas e territórios de pura intensidade. Rosana Junqueira