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Sinopse
São camadas de tempo que a sonda sensível da poeta Ana Luísa Amaral, uma das mais importantes da poesia portuguesa contemporânea, parece arrancar do fundo do escuro e expor à luz do presente, logo no primeiro poema deste livro. Estas camadas, por assim dizer, coabitam neste mesmo momento de crise do capitalismo, em que lemos jornais e deparamos, atônitos, com “a violência de ser em cima desta terra”. Ou, como diz a poeta, tudo passa por um mesmo corredor. Ao lembrar a infância, “a cama e as cascatas frescas dos lençóis/ macios como estrangeiros chegando a país novo”, memória pessoal e história se encontram, entroncadas.
Seria impossível ler
Escuro
sem topar com
Mensagem
, de Fernando Pessoa, que já ecoava, em outro plano,
Os Lusíadas
, de Camões. Mas aqui a mitologia petrificada portuguesa parece ser questionada a partir do presente, quando o mito já se sabe mito e o que ocultava. “Comecei a formar-me/ a partir do mito”, escreve a poeta em “Nevoeiro” (que dialoga com outro nevoeiro, o de Pessoa).
Essa consciência ilumina as três partes de
Escuro
: “Claro-escuro”, com dois poemas, um de recorte lírico e outro com uma voz narrativa mais ampla, em que as raízes do processo do colonialismo europeu são postas do avesso, com saques e destruições “em nome de um equilíbrio novo”. Na parte central, chamada “Por que outra noite trocaram o meu escuro”, a poeta dá voz ao passado, seja a partir da “cobiça dos poderosos”, seja a da “sede dos mais pequenos por moedas”, além de pôr em cena as torturadas vozes femininas – daquela mulher, rainha ou não, que “estava ali, de lado”. Na última parte, “Em outra fala”, o futuro ecoa neste corredor do tempo, na busca de um “outro mundo de harmonia e sons”. E todas as vozes se reúnem, por fim, no lirismo de “O drama em gente: a outra fala”: “O lume que as sustenta,/ a estas vozes,/ é mais de dentro, e eu não sei o que dizer”.
A Europa que emerge destes poemas não é mais a contemplativa e melancólica de Pessoa, mas aquela que “não tem olhos, nem mãos, nem fita nada”. Uma Europa “sem esfinge que deslumbre”.
Heitor Ferraz Mello
Ficha Técnica
Especificações
ISBN | 9788573214819 |
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Pré venda | Não |
Biografia do autor | Ana Luísa Amaral é uma poetisa portuguesa, tradutora e professora de Literatura e Cultura Inglesa e Americana na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. |
Peso | 158g |
Autor para link | AMARAL ANA LUÍSA |
Livro disponível - pronta entrega | Sim |
Dimensões | 22.5 x 15.5 x 1 |
Idioma | Português |
Tipo item | Livro Nacional |
Número de páginas | 80 |
Número da edição | 1ª EDIÇÃO - 2015 |
Código Interno | 764115 |
Código de barras | 9788573214819 |
Acabamento | BROCHURA |
Autor | AMARAL, ANA LUÍSA |
Editora | ILUMINURAS |
Sob encomenda | Não |