Até que ponto o novo pode apagar a história? Uma das questões mais discutidas nos debates que envolvem o espaço urbano instituído ou a instituir-se trata do patrimônio representado pelos ambientes que trazem em sua constituição - ou destituição - elementos exemplares da formação de uma identidade urbana. A importância dos monumentos, a pertinência do ambiente físico como valor para uma sociedade e uma nação, a noção de conservação, a relação entre história e contemporaneidade são fatores que agitam as novas teorias urbanísticas e permeiam as ações públicas nas novas e velhas cidades. Em Espaço (Meta)Vernacular na Cidade Contemporânea , Marisa Barda, mestre em História e Fundamentos da Arquitetura, com vasta experiência em restauração e conservação urbanas, discute o tema com notável profundidade analítica. Examinando as principais fontes de argumentação, ela nos conduz à ideia de que a cidade, como a cultura, não sobrevive sem o registro e a preservação de sua memória, que, por sua vez, está longe de se fazer representar apenas por seus marcos, mas que o essencial é preservar os vetores de formação e os lugares - edificados ou não - que sintetizam e caracterizam aquela comunidade, de modo a manter uma conexão íntima entre o cidadão e seu lugar no mundo.