O espaço público é o lugar de encontros e do desenrolar da vida entre pessoas de diferentes grupos sociais, religiões e estratos sociais. Trata-se, por excelência, do lugar de comunicação, democracia, expressões culturais e lazer. Transita como o sentido amplo do ser coletivo na sociedade e representa um patrimônio social no qual se processam identidades e desenvolvem-se hábitos de socialização e de solidariedade. Na sociedade brasileira, as populações negras representam um dos vetores da cultura nacional e também é hereditária da africanidade transformada no tempo e no espaço da urbanização brasileira, desigual entre os grupos sociais. São populações que desenvolveram formas urbanas próprias e que sofrem com as restrições impostas por uma particularidade do capitalismo brasileiro, limitações impostas que são vistas como as precariedades do racismo institucional antinegro, que condiciona a inserção urbana da população e limita o sentimento amplo de pertencimento a uma sociedade igualitária. Tendo isso em vista, o espaço público, do ângulo do estatuto das cidades, é um espaço de integração social necessário e com potencial de reduzir as assimetrias entre os grupos sociais. Daí a importância do espaço público e da sua constante renovação e ampliação na malha urbana, principalmente para as populações negras.