'O espelho enterrado' é um livro de ensaios baseado em uma série de televisão, escrita e apresentada pelo mexicano Carlos Fuentes. Nele o escritor aborda, com equilíbrio mas também com paixão, os cinco séculos da conquista das Américas pelos espanhóis. Dos espelhos ibéricos de Cervantes e Velásquez aos espelhos enterrados em tumbas indígenas no México; da expulsão dos árabes da Espanha ao massacre dos astecas e incas; de El Cid a Simon Bolívar, chegando aos caudilhos, revoluções e às atuais tensões de fronteira entre México e Estados Unidos, ele discorre sobre o assombroso jogo de reflexos que é a construção da identidade hispano-americana. Fuentes faz uma ponte entre passado, presente e futuro, destacando uma questão universal para o século 21: como lidar com o outro? Os povos latino-americanos têm diante de si o desafio de manter vivas a tradição e a modernidade sob permanente tensão criadora. Isso envolve, segundo o autor, o reconhecimento da nossa humanidade nos demais: "Ao abraçarmos o outro, não só nos encontramos com nós mesmos, como incluímos em nossa vida e nossa consciência as imagens marginais que o mundo moderno, otimista e progressista, condenou ao esquecimento." Esta é uma obra fundamental de introdução à cultura hispano-americana. Carlos Fuentes compartilha 50 anos de leituras ao nos apresentar a Dom Quixote de la Mancha, de Cervantes; aos grandes pintores espanhóis, de Goya a Picasso; aos dramaturgos Lope de Vega e Calderón de la Barca; ao cineasta Luís Buñuel; ao muralista Diego Rivera; aos escritores José Martí, Juan Rulfo, Jorge Luís Borges, García Márquez; a José Guadalupe Posada, mexicano que antecipou os grafites modernos, retratando gravuras de assassinatos, sexo, danças e touradas; entre tantos outros. Dono de um "otimismo relativo, mas bem fundamentado", o escritor acredita que, em meio à crise, a América Latina se transforma em uma mobilização social permanente, de baixo para cima e da periferia para o centro.