O discurso amoroso que inquieta, perturba e deslumbra a humanidade sempre impregnou a arte, a literatura e a poesia com a fala dos apaixonados. As aflições e satisfações do coração formataram as mais belas páginas da Antigüidade Clássica, as mais emocionantes árias de óperas, os melhores enredos dramáticos, os mais desesperados refrãos de boleros, as mais tristes letras de blues e da música pop. As indagações sobre a paixão saltaram dos confessionários, divãs dos psicanalistas, mesas de cartomantes e de bar. Hoje se afinam com a globalização. Se expandem na Internet, nos chats que promovem links entre solitários, nos sites para mulheres e homens que não se encontram ou não se entendem. As questões do amor também estacionaram em relatórios e nas estatísticas da pesquisa científicas para tentar dar conta do mais denso, inexplicável e indispensável sentimento humano. 'Esse amor de todos nós' propõe uma astuciosa costura desse universo trazendo um caleidoscópio de citações, versos, notícias de jornal, trechos de livros, conclusões de estudos bioquímicos e antropológicos com as segundas e terceiras intenções de Marina Colasanti, em sua proposta de "...mostrar como, através de tantas falas, conceitos, pontos de vista, foi sendo construída a idéia de amor que hoje nos habita. Uma idéia que continua em construção, sensível à descoberta científica, à elucubração do filósofo, à declaração da estrela, ao livro do poeta, à guerra, à publicidade e à economia". Muito mais que uma seleta de boas frases, a autora exibe preciosidades que incluem de Shakespeare, Dante, E.M. Cioran e São Paulo a Nietzsche, Balzac, Gregório de Mattos, Zelda Scott e Julia Kristeva, em visões do amor que dialogam ou se contrapõem. Se Napoleão Bonaparte afirma que "o amor traz mais mal que bem", Mario Quintana responde: "Amar é mudar a alma de casa".