O que é o Estado brasileiro? Existe um Estado brasileiro? Se existe um Estado brasileiro o mesmo se alinha a tradição político-jurídica constitutiva dos estados modernos, surgidos entre os séculos XVII a XIX? O Estado brasileiro fez a transição de sua condição absolutista de matriz lusitana (Ancien Regime) para os estados liberais burgueses. Há um contrato social que articula a pátria, a nação representada na razão de Estado brasileira?
Em momentos de instabilidade política e econômica questões desta ordem se apresentam em toda sua intensidade, na medida em que lança a sociedade brasileira diante da inconsistência de suas instituições, sejam elas: instituições do espectro representativo, instituições de ordem executiva e, instituições moderadoras constitutivas do poder judiciário.
Talvez se possa considerar que estamos diante de uma “Crise entrópica” do sistema. Constata-se a ilegitimidade representativa do sistema, que desmorona a passos lentos em nome da “defesa da democracia”. Aqui uma vez mais é preciso considerar a perspectiva analítica de Agamben que considera o fato de que todos os governos do mundo são neste contexto ilegítimos.
Sob tais pressupostos é possível constatar que estamos num interregno, em que o Estado moderno burguês liberal, ou seu oposto no contexto histórico em curso de matiz socialista e, que em ambos os casos se caracterizam pela implementação técnicas administrativas, burocráticas, disciplinadoras, normalizadoras apresenta seus limites frente as novas formas de vida quem e, o que vem ainda não se apresenta como condição de possibilidade. Estamos em crise, neste compasso entre o velho que definha e o novo que não se apresenta.