O livro Estética afirmativa: corpo negro e Educação Física é o resultado de uma investigação feita com um grupo de estudantes da escola pública, cujo foco se dá na relação do ensino da Educação Física e a corporeidade negra. Procurei, na história da Educação Física, identificar como se deram os processos disciplinares sobre esse corpo. Inicialmente, devido à ausência de fontes que tratassem dessa temática no campo da Educação Física, percebi a necessidade de tratar vários aspectos que envolvem o corpo negro na escola. Portanto, enveredei por caminhos que me levaram a analisar não apenas a identificação corporal dos adolescentes com a disciplina Educação Física, como também a trajetória das populações negras no século XIX e todas as marcas que a escravidão perpetuou nesses corpos. Foi nesse contexto que surgiram as ideologias que vigiaram e puniram com mais rigor os corpos negros. Assim, as práticas de novos hábitos de saúde e a busca por um modelo de sociedade perfeita levaram o Estado à aplicação de normas de regularização dos espaços e das famílias, conduzindo a sociedade para o afastamento de tudo que fosse branco e belo. Os desdobramentos sociais, culturais e econômicos desse período refletem na diáspora por meio de marcas que atravessam os corpos negros como o “estereótipo” e o “estigma”. E foi abordando estereótipos e o estigma criados sobre as populações negras que decidi concentrar meus estudos, ou seja, nessas marcas sobre as quais recaem, como sentenças sociais, os jovens adolescentes negros. Permiti conhecê-los nas suas subjetividades e realidades distintas, contrariando inclusive muitas hipóteses pré-estabelecidas socialmente. Trata-se, então, de uma discussão inovadora e, como tudo que é novo, está sujeita ao aperfeiçoamento e às críticas. Diante disso, esse tema gerou a necessidade de aprofundar questões muito caras acerca de outro olhar para a estética afirmativa dessa juventude negra que se reinventa, ousando desafios estéticos em constante diálogo com as novas tecnologias, promovendo o que se pode denominar de geração tombamento. Uma revolução está em curso e a estética é uma das ferramentas de luta para o empoderamento da juventude negra.