'Estranhos sinais de Saturno', do poeta paulistano Roberto Piva, é o terceiro volume de suas obras completas, organizadas e apresentadas por um dos principais nomes da atual crítica brasileira, o professor da Unicamp Alcir Pécora. Dividido em quatroseções, contém a poesia de Piva produzida do início dos anos 1980 até hoje: traz, assim, o relançamento integral de 'Ciclones', de 1997; o lançamento do livro inédito que dá título ao volume; um terceiro grupo de “manifestos” e, por fim, um CD contendo poemas lidos pelo seu autor. Integram ainda o volume uma “Nota editorial”, um “Posfácio” de autoria de outro grande nome da crítica contemporânea, Davi Arrigguci Jr., e uma “Bibliografia” detalhada. Através desta iniciativa editorial, um poeta brasileiro contemporâneo tão conhecido quanto relativamente pouco lido tem sua obra reeditada à altura, tornando-a devidamente acessível para o público, a crítica e a academia. Roberto Piva é um caso particular na poesia brasileira contemporânea. Essa particularidade é a soma de vários aspectos. Não em ordem de importância, há o fato de ele poetizar a cidade de São Paulo, quando a cidade é a grande ausente da poesia paulistana desde o modernismo. Além disso, sua obra surge à mesma época do construtivismo concretista, do qual, de certa forma, Piva é o grande antípoda – ainda mais que a poesia “marginal” carioca, cuja maior representante é Ana Cristina César. A poesia do século XX descende diretamente do simbolismo. É de sua liberdade individualista, desafeita às formas clássicas, que advém tanto as vertentes construtivistas (como o futurismo) quanto as subjetivistas (como o surrealismo). Nos anos 1950, a primeira vertente originaria o concretismo, enquanto a segunda tanto a poesia “marginal” no Brasil quanto a poesia beat nos EUA.