Lupe Cotrim Garaude (1933-1970) tinha mesmo tudo para ser uma estrela - beleza física, charme, inteligência, sensibilidade, boas relações sociais, além de rebeldia em relação às convenções vigentes nos anos 1960 no Brasil e coragem para confrontá-las. Casou-se três vezes, por exemplo. Tinha também uma energia invejável, que lhe permitia desdobrar-se como poeta elogiada, estudante de filosofia (e em seguida professora universitária), mulher, mãe e ativa participante de debates culturais. Infelizmente, tudo isso foi interrompido por um câncer e sua metástase um mês antes de ela completar 37 anos. O relato dessa vida intensa e meteórica e a análise profunda e interessante de sua obra literária - sete livros de poesia publicados em vida e dois póstumos - e ensaística são feitos aqui pela jornalista e especialista em literatura Leila V.B. Gouvêa, e resultam de seu pós-doutorado no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, que guarda o acervo de Lupe, do qual ela se tornou curadora. Além do acesso aos papéis dessa poeta "lírica de raiz" e independente de movimentos estéticos da época, como o concretismo, Leila entrevistou dezenas de pessoas que com ela conviveram.