A presente obra coletiva faz homenagem a um dos principais filósofos do Direito da contemporaneidade, Willis Santiago Guerra Filho. Já de início somos obrigados a uma correção pois a produção multifacetada do homenageado não é passível de ser reduzida às exclusivas dimensões do Direito; é que sua obra conversa de modo riquíssimo com campos de saberes diversos sem perder profundidade e qualidade. Seus escritos expressam um vasto universo de conhecimentos e domínios que sempre encantam e ao mesmo tempo incomodam o leitor. Encantam pelo estilo, as temáticas, as conexões, os insights que nos levam ao prazer da descoberta em nós mesmos daquilo que não sabíamos e o autor nos dá a conhecer; incomodam pelos deslocamentos, vertigens, mergulhos a que somos levados a experimentar em seus textos/intertextos/contextos; em suma o que tece e entretece na ideia como saber-sabor.
Dentro desse universo tão rico da produção intelectual de Willis Santiago Guerra Filho, optou-se pela conexão Direito-Psicanálise. Dois saberes próximos e distantes ao mesmo tempo, que vêm ganhando cada vez mais atenção dos estudiosos que se interessam pelos problemas fundamentais das comunidades humanas e que, como tais, apresentam dificuldades crescentes aos que querem entendê-las, avaliá-las e, de algum modo, contribuírem para a superação de suas crises, seus impasses, suas aporias.
A produção aqui apresentada ao público trata dessa difícil relação do humano com o desconhecido de sua própria condição. Desde a descoberta/invenção por Freud do inconsciente, as hipóteses de funcionamento da psiqué humana e os desdobramentos possíveis de seus conflitos, tensões, superações, esse saber a partir daí desenvolvido que se denominou Psicanálise, uma verdadeira revolução ocorreu a partir dos inícios do conturbado século XX que não poderia deixar de impactar o Direito e suas posições assumidas e, muitas vezes até hoje mantidas sem críticas, o que curiosamente já seria um bom objeto de análise. Por isso a importância