Marielle foi trocadora de coletivo (Kombi),
professora, gestora, trabalhou em horta comunitária,
sua história representa a maioria das mulheres trabalhadoras
de favela que lutam por emancipação e acesso a direitos básicos.
Foi uma das primeiras a acessar pelo pré-vestibular comunitário da Maré um processo de bolsa de 100% na PUC, seu ímpeto pela defesa dos direitos humanos nasceu na favela e também a partir da perspectiva da educação popular.
Toda sua história engajada na luta, na transformação do povo da favela foi naturalmente direcionada para sua convicção de disputar a ocupação dos espaços de poder institucionais.
Por dentro destes breves parágrafos, quero compartilhar que o legado que Mari deixou impacta de forma profunda a construção de outras perspectivas de futuro e sociedade, onde nós mulheres temos papel primordial na interlocução da mudança e por um mundo mais justo e igualitário. Este legado da Mari se traduz no feminismo negro, esse feminismo que evidencia que as opressões de raça, classe e gênero estão conectadas só havendo libertação para nós, mulheres, quando as amarras racistas, patriarcais e de classe foram destruídas.
Marielle, trazia em si este signo e sua atuação era do lado de nós, mulheres, teorizando e construindo outras práticas baseadas na construção coletiva e ancestralidade. Fruto de uma educação popular baseada em princípios comunitários e senso crítico, Mari moveu e move até hoje nosso imaginário de transformação e luta e que muitas delas estão em partes discutidas nessa obra.
Anielle Franco