Os nove textos aqui reunidos abordam diversos aspectos relacionados à imigração alemã no Brasil. Trata-se de assunto amplamente debatido e analisado desde meados do século XIX, quando o governo brasileiro deu continuidade ao projeto de colonização do país, valendo-se do assentamento de estrangeiros para o abastecimento alimentar e a consolidação de suas fronteiras em regiões de baixa densidade populacional. Iniciado em 1818 e interrompido em 1830, esse projeto foi retomado em 1845 e prosseguiu na República, no intuito de povoar terras devolutas e localizar imigrantes europeus em pequenas propriedades familiares dedicadas à policultura. Os alemães desempenharam importante papel nesse modo de ocupação territorial e constituíram a maioria dos imigrantes nas áreas coloniais até 1875. Sua inserção em terras brasileiras, todavia, foi igualmente significativa em diferentes cidades, entre as quais Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Em ambos os casos, acabaram formando-se subsistemas culturais distintos da sociedade brasileira, que respaldaram uma identidade teuto-brasileira fundamentada em princípios étnicos de dupla pertença, conflitantes com o acirramento do nacionalismo brasileiro na primeira metade do século XX. Integram o livro duas resenhas bibliográficas sobre uma produção heterogênea e interdisciplinar a respeito desse processo imigratório; cinco textos acerca da dimensão cultural da teuto-brasilidade e de seus desdobramentos históricos, com ênfase em questões relacionadas à etnicidade e à identidade, bem como em seus contornos práticos e simbólicos; e dois trabalhos voltados para os conflitos fomentados por ideologias étnicas e nacionais de dissenso ocorridos em Santa Catarina no início do século xx, com repercussões no campo político.